Quando a Verdade vem à tona! (Parte III)

Carol nos deixou a sós na sala após contestar por alguns instantes.

- Edward, o que aconteceu? Você está diferente... – John falou assim que Carol nos deixou.

- Estou mesmo. Afinal hoje descobri duas coisas sobre você...

- Coisas sobre mim? O que?

- Por exemplo... Você conhece Estela e Eva McGold? – Perguntei.

Notei pela garganta de John que ele engolia a saliva de forma contínua.

- Você deve conhecer né? – Indaguei. – Afinal, elas são, respectivamente, a sua irmã e a sua mãe. – Comecei a andar pela sala. – Agora o que me pergunto, John, é porque você nunca me contou nada sobre isso. Eu não sou o seu melhor amigo? – Indaguei encarando meu amigo.

Notei que uma lágrima insistiu em cair do olho de John.

- E pra piorar, McGold, eu reencontrei o William Burns e ele me disse que você o pagou para beijar a Marina naquele noite.

John me olhou espantado.

- Você pode me explicar? – Indaguei. 

- Edward... Eu... Eu não queria te contar nada.

- Claro! Eu sei disso... Mas agora eu quero saber por que você fez isso comigo?

- O que aconteceu com a Estela foi um acidente... Eu não tive culpa!

- Não quero saber disso agora. Eu quero saber por que você pagou o William pra beijar a Marina? 

- Edward... Eu não queria ter feito isso, mas foi preciso.

- Foi preciso? – Perguntei debochando. – Foi preciso me fazer sofrer? Foi preciso destruir os sentimentos que existiam dentro de um adolescente romântico? Foi preciso nunca ter me contado nada?

- Eu não falei porque sabia que você ia ter essa reação! Ela também beijou ele! Se ela não quisesse, teria afastado o Burns! – John retrucou uma verdade que me fez calar. 

- Ela te traiu de qualquer forma, Edward! Ela fez isso com o Charlie! A Marina sempre trai! Ela não presta!

- O que mais me revolta, McGold, não é o fato dela ter me traído ou não. É o simples fato d’eu saber que estava ao lado de um mentiroso como você. Será que existiu Charlie? Será que sua mãe não estava certa quando te pôs para fora de casa?

- NÃO FALA ISSO, EDWARD! – John berrou e veio pra cima de mim.

- Agora você vai me bater?! Bate! Bate no teu amigo, John! Ou melhor, ex-amigo!

- Edward... Não faz assim. Eu te peço perdão! Mas não deixa de ser meu amigo. Você é a única pessoa que eu tenho! A única! – John começou a chorar e me soltou. 

- Vai ver eu sou a única pessoa que você tinha, porque você nunca tinha me magoado. – Falei decepcionado. – Vai embora, John! A Estela e a Eva continuam morando na mesma casa. E vê se não magoa a tua mãe e a tua irmã de novo. E vê se não magoa a Rosana também. Não decepciona a mulher que te ama.

- Edward... Por favor! Não me abandona! Não agora! –John começou a chorar. 

Nessa hora, a porta de minha casa abriu e vi a figura de meu pai entrando na sala.

- O John não tem culpa de nada, Edward! Não faz isso com esse garoto. Ele já sofreu muito na vida... E ele fez o que fez, pra evitar que você sofresse.

- O que faz aqui? – Perguntei.

- Não, William! Deixa! Não faz isso! – John foi até meu pai. 

- Não faz o que, John? Anda! Um dos dois, explica o que está acontecendo!

- William, você não precisa fazer isso! Eu vou me virar como sempre fiz na minha vida! – John implorava sob meu olhar.

- John, eu já omiti isso desde que o Edward nasceu. São 28 anos. Uma hora ele teria de saber...

- Eu teria de saber o quê? – Berrei. 

Meu pai veio caminhando até mim, lentamente.

- Edward, o John pagou o Burns porque eu pedi.

- Você o quê? – Parei para analisar a situação. – Não... Eu... Eu sou irmão da Marina? – Indaguei confuso.

- Não. – Meu pai afirmou. – Eu mandei o John fazer isso porque não queria te perder assim como perdi o Charlie. – Ele fez uma pausa enquanto eu tentava entender o que se passava. – O Charlie, Edward... O Charlie era meu filho. Você e o Charlie eram irmãos. 

As palavras de meu pai fizeram com que um flashback viesse à minha mente. Por isso o John sabia onde eu morava. Por isso o John sabia que eu namorava a Marina. Por isso o John sabia tanto sobre mim.

Uma lágrima de tristeza, mágoa e raiva insistiu em cair de meu olho.